Festival Latino-americano de Instalação de Software Livre (FLISoL) 2017 em Balneário Camboriú
Festival Latino-americano de Instalação de Software Livre (FLISoL) 2017 em Balneário Camboriú
1 Relatório
8 de abril de 2017 — Mesmo com a chuva do período da manhã e a estrada de terra em obras, o Festival Latino-americano de Instalação de Software Livre (FLISoL) em Balneário Camboriú recebeu 3 (três) visitantes e 1 (um) palestrante no período da manha e 22 (vinte e dois) visitantes à tarde. Dos 16 visitantes inscritos no evento, apenas 3 compareceram — desconsiderando os colaboradores e palestrantes.
O evento objetiva fomentar o uso de programas de computador (software) livre. Porém, a edição coordenada em Balneário Camboriú iniciou com uma apresentação sobre a importância dos ativistas do movimento social, político e filosófico do software livre, a fim de explicar à sociedade que o movimento, atuante no pilar social da sustentabilidade, não requer conhecimento avançado em tecnologia, mas sim uma sociedade que se importe com os objetivos do movimento e que busque colaboração com este e suas atividades. Como exemplo, o palestrante cita o caso de um contador daltônico e um problema relacionado às cores de um software de contabilidade.
Segundo o primeiro palestrante, Adonay Felipe Nogueira, é importante notar que existem diversos desafios a serem vencidos pela sociedade e pelo movimento, dentre eles: o problema da gratuidade (o que não é sinônimo de liberdade); as algemas digitais existentes na maioria dos celulares, tablets, nos discos Blu-ray e no Netflix; a declaração de imposto de renda de pessoa física que ainda é feita pela maioria das pessoas com software não livre; os sites na Internet e sistemas acadêmicos que forçam a sociedade a usar automaticamente um software não livre; a inércia social causada pela sociedade em geral; a inclusão digital ruim; além do bloqueio de comunicações, como ocorre com alguns aplicativos de mensagem instantânea.
Adonay observa, com referências que, ao passo que os programas de computador se aproximam cada vez mais das atividades cotidianas — como se observa em urnas eletrônicas, veículos e cardioversores desfibriladores implantáveis — a sociedade deve desassociar nomes de marcas ou empresas de produtos ou serviços ofertados por tais empresas ou sob tais marcas. Isso é necessários pois, segundo o palestrante e suas referências, as empresas com fins lucrativos possuem comportamento imprevisível e, apesar destas às vezes lutarem em prol dos interesses da sociedade, esta não deve depender de tais empresas.
No tocante à imprevisibilidade das empresas e à ausência das liberdades essências objetivadas pelo movimento, parte do público questionou a legalidade destas ações no país. Todavia, o segundo palestrante, Cleber Machado Leão, observa que isso é regido pela licença aplicada ao software livre original.
Adicionalmente, Cleber nota que, mesmo que algum software, ou até mesmo serviço na Internet, sejam gratuitos, a sociedade paga de outras formas que muitas vezes não concorda.
Felizmente, um dos desafios apontados pelos palestrantes parece estar sendo lentamente superado pela sociedade, graças a instituições de ensino, fomento e competência em software livre. Segundo Adonay, as instituições de ensino deveriam fomentar somente software livre, visto que estas estão preparando indivíduos para atuar em prol do desenvolvimento da sociedade, e a dependência em software não livre prejudica tal convivência em sociedade pois este é um material não confiável que pode não se adequar às necessidades futuras ou simplesmente se tornar obsoleto por não poder ser alterado e distribuído pela sociedade.
Além disso, Adonay sugere o uso do GNU Ring para comunicações instantâneas pois, diferente do WhatsApp, o GNU Ring é software livre e possui comunicação distribuída. Assim, cada usuário do GNU Ring é seu próprio "fornecedor de disponibilidade", evitando bloqueios de comunicação por parte de um fornecedor central.
Já na segunda palestra, Cleber, descreve o caso de implementação de software livre no Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT12), Santa Catarina, e como esta implementação serviu de referência para os demais tribunais regionais em outras unidades federativas.
Na mesma palestra, Cleber traz um argumento interessante: Segundo ele, quando se compra um software não livre, o comprador resolve um problema: o do vendedor, relacionado à falta de dinheiro deste, mas isso não garante que o problema do comprador seja resolvido ou que o produto adquirido possa ser adaptado pelo comprador futuramente conforme suas necessidades.
Com base em seu trabalho no TRT12, Cleber observa que a ausência de software livre para gerir assinaturas eletrônicas avançadas como as do padrão PAdES, e que se comunique com os cartões de assinatura digital, pode ser considerado como mais um desafio que deve ser superado pelo movimento com o auxílio da sociedade.
Sobre a computação "em nuvem", Cleber observa que esta não existe, visto que ela é apenas o computador de outra pessoa. Além de sugerir que, ao invés das empresas confiarem em outras empresas para proverem estas "nuvens", seria prudente formar uma associação local de empresas que se conhecem e confiam umas nas outras, para que esta associação mantenha sua própria "nuvem" particular.
Finalmente, ambos os palestrantes concordam que é necessário educar a sociedade sobre a importância do movimento para esta, e como esta, mesmo que sem conhecimento técnico, pode ajudar o movimento. Tudo isso sem omitir as explicações sobre as liberdades essenciais que a sociedade deveria ter quando esta usa um programa de computador. Pois, é somente com estes questionamentos que podemos garantir uma sociedade digital justa e livre e uma vida em sociedade em prol da sustentabilidade.
Com isso, a coordenação do evento local encerra este relatório agradecendo o espaço cedido pela Faculdade Avantis e apoio dado pelos coordenadores, professores e acadêmicos que auxiliaram, direta ou indiretamente, na divulgação do evento.
2 Dados estatísticos
Item | Quantidade |
---|---|
Visitantes | 25 |
Palestrantes externos | 1 |
Coordenadores palestrantes | 1 |
Palestras | 2 |
Mini-cursos | 0 |
Instalações bem sucedidas | 27 |
Instalações fracassadas | 5 |
Item | Disponíveis | Sucessos | Fracassos |
---|---|---|---|
Distribuições de sistemas livres | 1 | 10 | 5 |
Software livres | 15 | 9 | 0 |
Fontes de texto livres | 1 | 5 | 0 |
Perfis de cores livres | 1 | 3 | 0 |
Distribuições de sistemas livres disponibilizadas | Sucessos | Fracassos |
---|---|---|
Trisquel | 10 | 5 |
A lista completa de distribuições de sistemas livres pode ser encontrada em duas partes, em http://www.gnu.org/distros/free-distros.html e em http://www.gnu.org/distros/free-non-gnu-distros.html.
Software livres disponibilizados | Sucessos | Fracassos |
---|---|---|
7zip | 0 | 0 |
Claws Mail | 1 | 0 |
Declara | 0 | 0 |
GNU Dia | 1 | 0 |
GNU GIMP | 0 | 0 |
GNU GnuCash | 1 | 0 |
GNU Guix | 1 | 0 |
GNU Health | 0 | 0 |
GNU IceCat | 1 | 0 |
GNU Ring | 1 | 0 |
IRPF Livre | 1 | 0 |
LibreOffice | 1 | 0 |
Pidgin | 0 | 0 |
rnetclient | 0 | 0 |
VLC | 1 | 0 |
Fontes de texto livres disponibilizadas | Sucessos | Fracassos |
---|---|---|
GNU FreeFont | 5 | 0 |
Perfis de cores livres disponibilizadas | Sucessos | Fracassos |
---|---|---|
Pacote "icc-profiles-free" (23 perfis) | 3 | 0 |
Todos os pacotes de software, perfis de cores, e fontes de texto estão registrados no Free Software Directory (https://directory.fsf.org/wiki/Main_Page), disponibilizados em distribuições de sistemas livres, disponibilizados via Savannah (https://savannah.gnu.org/), ou disponiblizados na loja de aplicativos F-Droid (https://f-droid.org/repository/browse/).
Instalações fracassadas de distribuições de sistemas livres | Quantidade |
---|---|
Desistência do visitante pela não colaboração do fabricante | 3 |
Tempo insuficiente | 2 |
Computadores ou peças | Sucessos | Fracassos |
---|---|---|
HP Elite Slice TPC-1021-DM | 1 | 0 |
MacBook 2,1 | 2 | 0 |
MSI VR630-073FR | 2 | 0 |
Lenovo Yoga 2 Pro 20266 | 3 | 2 |
Lenovo IdeaPad S10e 40684JG | 2 | 3 |
Mais informações sobre os computadores e peças encontradas, e quão bem elas funcionam com distribuições de sistemas livres, podem ser encontradas no catálogo de edição colaborativa h-node em https://h-node.org/.