João Patrício

João Patrício at

géneros

É difícil encontrar quem discuta de uma forma livre de preconceitos e casuística o assunto da igualdade de género. Para muitos o mais difícil é discutir igualdade quando, na prática, falamos de coisas diferentes, ou seja, discutir igualdade quando culturalmente foram criados e cresceram numa sociedade amplamente desigual. A igualdade de género e de géneros é um assunto de momento, falam-se menos de outras igualdades como a igualdade de oportunidades à nascença para quem têm origens muito diferentes. Nesse campo a modernidade já fez questão de dizer que a culpa de quem não tem as mesmas oportunidades é dele e somente dele, que não soube vencer nem adoptar uma postura vencedora. No caso da igualdade de género o discurso é diferente, perdem-se mais a discutir os campos que as essências, de um lado feministas, do outro machistas ainda de outro humanistas. Discutir a igualdade de género não é mais do que afunilar uma discussão que é a da igualdade entre seres humanos, independentemente do género, da sexualidade, da etnia, da origem social, da beleza, da moda, etc. Discutir a igualdade de género é exigir aquilo que é óbvio, é uma questão de direitos humanos, que temos todos os mesmos direitos e direito a oportunidades e como tal merecemos todos igual tratamento e respeito. E se vivemos cada vez mais numa sociedade atenta à desigualdade, nomeadamente quando falamos de género, sexualidade, raça, perdemos um pouco a luta por uma sociedade que defenda a igualdade de oportunidades para aqueles que não nasceram em famílias com capacidade económica, educativa, cultural, ou mesmo longe dos grandes centros urbanos. A liberdade só é possível se olharmos para todos com os mesmos olhos e estendermos a mão independentemente da origem ou características de cada um. A sociedade moderna, as suas empresas, os seus governos, não facilitam, as escolas não ajudam, os bairros, a pobreza tudo luta contra a igualdade. E é o ciclo de pobreza que devemos combater, não só pobreza material mas também da pobreza de valores. Uma sociedade rica é uma sociedade que sabe respeitar a diferença mas também é solidária, e que grita contra a competição exagerada e promove a compaixão. Estou farto deste mundo onde não há igualdade nem respeito pelos géneros, sejam eles quais forem. Estou farto.